Hoje não irei falar em tom irónico, satírico, metafórico. Neste post irei falar de forma sincera e honesta, logo não esperem segundas intenções nas palavras que aqui irei escrever.
Neste fim-de-semana, a Democracia Portuguesa andou para trás um número enorme de passos, neste fim-de-semana, Abril ficou mais escuro e sombrio, neste fim-de-semana, voltamos 50 anos atrás.
Em 1959, Portugal vivia em ditadura, uma ditadura com um partido único, com uma polícia política e campos de concentração, um país onde a Igreja e o Estado se confundiam num só e onde a inauguração do Cristo Rei, que hoje se celebra neste país, foi não mais do que uma manobra política para acorrentar as pessoas à sua própria ignorância e aos seus próprios dogmas.
Passaram 50 anos, 35 desde a Revolução dos Cravos, onde liberdades e garantias foram ganhas, onde novos príncipios foram assimilados, mas também onde novas exigências e deveres são todos os dias exigidos no sentido de se cumprir uma melhor democracia.
Este fim-de-semana foi a demonstração de que velhos hábitos e práticas não passaram de moda, de que os políticos deste país não deixam de ser tão ou mais oportunistas como Salazar foi no seu tempo, pois usaram e abusaram de algo que seria somente uma demonstração religiosa simples, e esquecerem que estão sujeitos (a bem da separação do Estado com a Religião) a um dever de reserva perante a estes eventos. Pois, devido às suas funções, eles representam portugueses de todos os credos, étnias e raças.
É um escândalo, como na primeira oportunidade, os mais altos funcionários do Estado, esquecem os príncipios aos quais têm de estar condicionados e conscientes, para poderem fazer mais uma demonstração pública de bajulação religiosa (e com isto não estou a colocar em causa a sua devoção ou entrega religiosa).
Hoje, o Presidente da República, o Presidente da Assembleia da República, ... envergonharam o país, a democracia e Abril.
Por fim, gostava também de mostrar o meu repúdio pela forma como a RTP está a ser usada para esta propaganda político-religiosa. As 7h e 30 minutos de emissão (Sábado e Domingo) são a melhor demonstração do que é não ter sequer ideia real valor dos termos Serviço Público e Pluralismo.
Vergonha!
2 comentários:
Deus Patria e Familia é granda som de Mata Ratos masé LOOOL!
Discordo na quase totalidade. Muito sucintamente, o país é (e bem) um estado laico. O que não quer dizer que as pessoas que dele fazem parte não possam manifestar o seu catolicismo. Simplesmente por ocuparem cargos de poder, têm que abdicar da sua religiosidade? Apesar de ser católico, teria o mesmo à-vontade fosse a "manifestação" de qualquer outro credo religioso.
Uma coisa é o simples acto de ser-se religioso, outra é o de tirar aproveitamento político de uma qualquer situação. No que toca à religião é muito raro termos as duas em conjunto. Quando muito o contrário, veja-se o caso do Guterres à mais de 15 anos, quando levou com meio PS em cima? E tirou aproveitamento político disso?
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