sábado, novembro 26, 2005

LABORATÓLARILOLELA - 7/11/2005 - Hermenegildo Soares e Star Music, O REI DAS MEIAS

Em Espanha, na Galiza, existe uma excelsa província de seu nome Baiona, famosa pela produção de “calcetines” – vulgo meias. As afamadas meias de Baiona, que tanto conforto proporcionaram aos pés e pernas de gerações e gerações de espanholas e também de portuguesas.

Foi esta a inspiração do artista que hoje vos trago e do qual pretendo dissecar o estrondoso single “O Rei das Meias”. Hermenegildo Soares anuncia-se como o líder do agrupamento Star Music – que na verdade é formado apenas por ele. Homem dos sete instrumentos, este indivíduo-banda faz o circuito das festas, feiras e romarias entoando canções que não dispensam o trocadilho maroto.

No entanto, e ao contrário de seus pares – o mediático Quim Barreiros ou o menos mediático mas mais arrojado Leonel Nunes – Hermenegildo, homem de aspecto humilde, camisa de flanela aos quadrados, calva e luzidia cabeça e farto bigode negro, é um homem que aposta na economia. Não mais que um trocadilho maroto por canção. Um apenas, sim – mas forte. Ao invés do experimentalismo leonélico em canções arrojadas como “Porque Não Tem Talo o Grelo”, já estudada em edição anterior desta rubrica, onde os trocadilhos se sucediam a um ritmo imparável, Hermenegildo aposta, acima de tudo em dar alguma espessura – psicológica e social – à sua personagem: eis um homem que decide largar a vida das cantigas para se dedicar à venda de peças de vestuário feminino.

Alguns estudos sobre a obra de Hermenegildo Soares e Star Music defendem que, ao criar esta letra, o único objectivo do poeta em utilizar a referência à bonita província galega de Baiona, era construir aquele ameaço de rima perigosa envolvendo o vernáculo relativo a uma parte da anatomia feminina – que não possui, na verdade, orelhas. A isso se chama liberdade poética. Eu prefiro pensar que isso é apenas um pormenor, naquilo que, realmente, a cantiga “O Rei das Meias” logra ser: uma detalhada tapeçaria sobre a vida de um homem que descobre uma nova vocação, que arrisca começar do zero.

Algumas considerações sobre os arranjos deste tema: destaco o ritmo cavalgante da cantiga, ilustrado pelo som de galope brilhantemente recriado nos sintetizadores de Hermenegildo. É quase possível vermos o artista montado num luzidio equídeo, cavalgando em direcção a um horizonte de esperança, em busca de nova paragem onde vender as suas meias.

Escutai a obra aqui.

2 comentários:

João Daniel disse...

LOOOL Onde encontraste este gajo?

Anónimo disse...

AH GRANDE HERMENEGILDO! LOL mt bom mm!
Bjos

voumjaemboogle